Marisa Letícia tem morte cerebral
A ex-primeira-dama e mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
dona Marisa Letícia Lula da Silva, 66, teve morte cerebral nesta
quinta-feira (2) em razão de complicações causadas por um AVC (Acidente
Vascular Cerebral) hemorrágico.
Segundo informações do hospital, Lula e sua família autorizaram o
procedimento de doação de órgãos após constatação de "ausência de fluxo
cerebral".
Marisa estava internada em estado grave no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde 24 de janeiro.
Ela chegou a apresentar uma ligeira melhora na terça-feira (31), e a
sedação começou a ser reduzida. Como ela não reagiu bem, voltou a ser
sedada.
No dia anterior, os médicos haviam informado, em boletim médico, que a
ex-primeira dama tinha tido "trombose venosa profunda" detectada nos
membros inferiores. A equipe utilizou um filho de veia cava para impedir
que coágulos se deslocassem para outras regiões do corpo
Além do filho de seu primeiro casamento, Marcos, adotado por Lula,
Marisa deixa os filhos Fábio, Sandro, Luís Cláudio, a enteada Lurian
(filha do ex-presidente com uma ex-namorada), e o marido, Luiz Inácio
Lula da Silva. Os dois foram casados por 43 anos.
Filha de agricultores de ascendência italiana, Marisa nasceu em uma casa
de pau-a-pique, no bairro dos Casa, sobrenome de seu avô, que tinha um
sítio no interior de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Lula e Marisa, nos anos 1970
Ainda criança, mudou com a família para o centro da cidade e aos 13 anos
passou a trabalhar embalando bombons Alpino na fábrica de chocolates
Dulcora. Aos nove, havia sido babá das sobrinhas do pintor Candido
Portinari.
Deixou o emprego para casar, aos 19 anos. Seis meses depois, o marido,
taxista, foi assassinado a tiros em uma tentativa de assalto, deixando a
jovem viúva grávida de quatro meses do seu primeiro filho, Marcos.
Ela conheceu Lula, também viúvo, em 1973, no Sindicato dos Metalúrgicos
da cidade. Ele trabalhava no Serviço de Assistência Social do sindicato
quando Marisa foi buscar um carimbo para recolher a sua pensão como
viúva. Os dois começaram a namorar e casaram-se menos de um ano depois.
Marisa acompanhou Lula desde o início de sua vida política, durante as
greves de operários no ABC paulista no fim dos anos 1970 – ele tornou-se
presidente do sindicato um ano depois do casamento, em 1975.
Ela foi a responsável por costurar a primeira bandeira do Partido dos
Trabalhadores. "Eu tinha um tecido vermelho, italiano, um recorte
guardado há muito tempo. Costurei a estrela branca no fundo vermelho.
Ficou lindo." Na época, estampava camisetas com a estrela símbolo da
sigla para arrecadar fundos para o partido e chegou a cadastrar as
pessoas na rua, buscando convencê-las da importância de montar um
partido dos trabalhadores.
Em 1980, em plena ditadura, quando Lula e diversos sindicalistas foram
detidos no Dops (Departamento de Ordem Política e Social) devido às
greves, liderou uma marcha só com mulheres em protesto pelas prisões
políticas. "Hoje parece loucura. Fizemos uma passeata das mulheres em
1980, quando os dirigentes sindicais estavam presos. Encheu de polícia.
Os homens queriam dar apoio, mas dissemos não. Fizemos só com as
mulheres, eu de mãos dadas com meus filhos à frente", lembra em
entrevista à Fundação Perseu Abramo, em 2002.
Em 1º de janeiro de 2003, tornou-se primeira-dama após o marido
concorrer à Presidência quatro vezes, em 1989, 1994 e 1998. Passou a
aparecer mais em palanques ao lado de Lula durante a campanha de 2002.
Junto com o crescimento do PT, Marisa passou por um processo de mudança,
sob a orientação do publicitário Duda Mendonça. Ganhou um guarda-roupa
novo, em que terninhos ganharam espaço, e um corte de cabelo mais curto.
Enquanto ocupou o Palácio da Alvorada, adotou um comportamento discreto.
Uma vez ao ano, organizava festas juninas na Granja do Torto, de
propriedade da Presidência, quando participava das danças de quadrilha
ao lado do ex-presidente.
Causou polêmica ao ordenar que fossem plantados canteiros de flores
vermelhas, em formato de estrela, nos jardins do Palácio da Alvorada e
da Granja do Torto.
Nascida Marisa Letícia Casa, assumiu o sobrenome Silva ao se casar com
Lula. Quando o ex-presidente incorporou o apelido a sua assinatura,
passou também a assinar Marisa Letícia Lula da Silva. Para o
ex-presidente, no entanto, a mulher era apenas "galega", apelido pelo
qual a chamava desde que começaram a namorar, nos anos 1970.
Costumava dizer que foi pai e mãe dos filhos, a quem se dedicou enquanto
o marido avançava na vida pública. Cuidava sozinha do apartamento em
que a família vivia em São Bernardo.
"É ela quem manda. E ele obedece. Dona Marisa se dedica a Lula e à
família inteira. É o alicerce de Lula", definiu o cardiologista e amigo
da família, Roberto Kalil, médico de Lula há 30 anos, em entrevista ao
jornal O Globo em 2011, quando o ex-presidente teve a cabeça raspada
pela mulher durante o tratamento de câncer contra a laringe a que se
submeteu.
Lava Jato
Dona Marisa era ré em uma ação penal, junto com o marido, na Operação
Lava Jato. Eles respondem pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro em contratos firmados entre a Petrobras e a Odebrecht.
Segundo o Ministério Público, Lula recebeu propina da empreiteira
Odebrecht por intermédio do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que
também virou réu na ação, ao lado do empreiteiro Marcelo Odebrecht, e
outras cinco pessoas.
De acordo com a investigação, o dinheiro foi usado para comprar um
terreno, que seria usado para a construção de uma sede do Instituto Lula
(R$ 12,4 milhões), e um apartamento em frente ao que mora em São
Bernardo do Campo, na Grande São Paulo (R$ 504 mil).
A defesa de Lula informou que o ex-presidente aluga o apartamento
vizinho ao seu. Além disso, acrescentou que o Instituto Lula funciona no
mesmo local há anos e que o petista nunca foi proprietário do terreno
em questão.
Segundo os advogados do ex-presidente, a transação seria um "delírio acusatório".
Fonte: Uol
Fonte: Uol
Marisa Letícia tem morte cerebral
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